Algo mais ... além de doces águas na Lagoa dos Patos





Incrível descrever a sensação de embarcar cedo da manhã, em um dia de sol e clima agradável, às margens do Arroio Pelotas, e partir por suas águas buscando a lagoa. 


Uma pequena expedição, porém, com certeza uma deliciosa quebra de rotina na qual o Brasil Rs pode conferir uma curiosa relação entre o homem e a natureza (daria para dizer, uma paixão que move tripulação, água, ar e barco numa aventura). 


Talvez o turismo por estas águas seja uma das formas mais relaxantes de se “desligar” de tudo e descobrir novos horizontes. Várias são as oportunidades que surgem a partir do fato de ser profundamente agradável se sentir cercado de muito (pássaros, peixes, paisagens, fluxo de águas, trânsito de grandes e pequenas embarcações com diferentes finalidades, ilhas, sol, nuvens) e ao mesmo tempo de nada (a imensidão da lagoa fascina e relaxa, uma receita de tranqüilidade muito interessante, é você e um horizonte de águas tocados pelo balanço do vento), neste momento não importa o que ficou para trás nem o que está por vir, apenas importa o momento de ir ... surfando, em um veleiro! 


Descobrir um pouco dos encantos da Lagoa dos Patos, e de todo o complexo náutico da região que a abriga, me fez refletir algumas coisas a respeito de um maior aproveitamento deste potencial extraordinário. Primeiramente alguns dos pensamentos referentes à prazeirosa aventura de velejar, e, não são poucas as percepções despertadas por ela. “...estar no comando de um barco é ter a sensação de rumo certo.” “... ser tripulante da embarcação é um ‘desfrute’ simplesmente, e, deixar-se levar pelos ventos que acariciam as velas é melhor ainda.” “...o prazer de deslize sobre as águas, indefinível.” “...o barco sendo tocado pelo vento numa direção ‘determinada’, com a sensação de ir abrindo espaço numa ”estrada d’água” que se rompe ao forçar do casco.” “...bordejar, arriar e adriçar velas, numa melhor opção constante.” “... estar ao leme sugerindo a entrega da tripulação à íntima relação entre o ‘comandante’, as velas e o vento. Enfim, velejar não é sair em rumo reto. Na verdade velejar é olhar e escolher de que forma chegar a determinado lugar, de acordo com as possibilidades oferecidas pelos ventos e pela água. 


O tempo todo é um ir e vir com aproveitamento da melhor situação que se apresenta. Velejar é também ‘ilusão’, pois, dar direção à embarcação ‘sugere’ estar no comando, mas na verdade tudo não passa de uma ‘negociação’ com a natureza e um ‘saber explorar’ o que ela oferece. E... as atividades dentro de um barco simulam as decisões e sentidos da vida real ! Talvez aí esteja o ponto onde tudo isso tem muito haver com turismo e desenvolvimento. Nesta ocasião, sendo levada pelas águas da lagoa, a partir de Pelotas, pude conferir nas palavras de um experiente velejador que a vida pode ser ‘comparada’ às atividades do velejar. Alguns velejadores afirmam que no barco encontram-se em situações de real semelhança com as vivências fora do prazer náutico, ou seja, na vida ‘real’, quando contam do exercício da paciência frente as calmarias. Ou, outros que também vêem as mudanças de bordo, a tomada de rumo e o desvio de obstáculos em um barco serem inspiração ou reflexão no que se refere aos conceitos da ‘própria vida’. 


Feliz ... neste desfrute de ventos pela lagoa me peguei refletindo esta relação ... vida & velas. Pensei no verdadeiro aproveitamento deste potencial náutico em função do desenvolvimento turístico e consequentemente econômico do RS e principalmente da região sul (tão rica e tão ‘inocente’ nesta riqueza). [Quanto tem a lagoa para oferecer? O quanto e quem o potencial náutico pode influenciar? Quanto existe de necessidade e oferta para momentos ecológicos, relaxantes, prazerosos, ambientais, sociais ...? Por que motivo poucos pensam nisto?] Seria esta uma sugestão???!! 




 por Simone Bilhalva